A saída da Ford do Brasil, anunciada no início de 2021, gerou amplo debate sobre o ambiente de negócios no país e o futuro da indústria automobilística. A decisão da montadora norte-americana encerrou uma história de mais de um século de operações no Brasil, impactando diretamente a economia, os empregos e a cadeia de fornecedores locais. As razões para tal medida são multifacetadas e refletem tanto desafios internos da empresa quanto fatores externos relacionados à economia e ao mercado brasileiros.
Por que a Ford saiu do Brasil? A resposta envolve uma série de fatores, incluindo a baixa demanda por veículos novos, a alta carga tributária, a complexidade do ambiente de negócios e a decisão estratégica da empresa de focar em mercados mais lucrativos. A Ford apontou prejuízos significativos acumulados na região, que somaram cerca de 61 bilhões de reais nos últimos anos. A pandemia de COVID-19 também exacerbou as dificuldades do setor automotivo, reduzindo ainda mais a demanda e aumentando os custos de produção. Além disso, a Ford estava realinhando sua estratégia global para investir mais em veículos elétricos e tecnologias de automação, e o mercado brasileiro, com sua infraestrutura ainda em desenvolvimento para esses segmentos, não se alinhava com os objetivos futuros da companhia. A decisão de encerrar a produção no Brasil incluiu o fechamento de fábricas em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), afetando diretamente cerca de 5.000 funcionários.
A saída da Ford do Brasil marca um ponto de reflexão para o setor automotivo e para a política econômica do país. A necessidade de reformas estruturais e de um ambiente de negócios mais competitivo é evidenciada pelo movimento da montadora, que busca otimizar suas operações em um mercado automotivo global cada vez mais desafiador e orientado para a inovação tecnológica.