O rolezinho, movimento que ganhou os noticiários de todo o país, trouxe para a discussão a segregação social que vigora no país e do preconceito não deixou de ser exclusivo da população. De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Data Popular, além das pessoas, foi constatado que as marcas, sobretudo as de grife, têm preconceito com os clientes menos favorecidos.
O diretor do Instituto, Renato Meirelles, revela que a grande maioria das marcas faz de tudo para que os mais pobres não estejam vinculados à imagem da empresa. Há marcas que desde a fundação sempre tiveram um posicionamento de mercado voltado à elite, mas que mesmo com o aumento do poder aquisitivo das classes C e D, fazem questão de demonstrar o desconforto frente a situação.
Meirelles revela, também, que os rolezinhos fizeram com que as marcas que até então não estavam em evidência, tornassem presentes à vida dos frequentadores.
Economistas vêm a situação como uma oportunidade de estas empresas aumentarem o faturamento e mostrarem que a moda é democrática. Meirelles, por exemplo, recomenda que as marcas vejam a associação como um lado positivo, pois de alguma forma, outros públicos ficaram atraídos pelos produtos. “Talvez seja o momento das marcas fazerem um reposicionamento”, comenta.
Segundo os dados do Data Popular, os jovens da classe C possui maior renda que a junção das classes A, B e D. Com um valor de 130 bilhões de reais, o jovem da classe C mostra que tem poder aquisitivo e pode consumir mais do que os mais ricos. No ano passado, a periferia paulistana consumiu 100 bilhões a mais que os mais ricos, reiterando os dados coletados.
Nos últimos dez anos, a renda dos mais pobres cresceu quase 50%, contra 13% de aumento na renda dos mais ricos. Meirelles vê o crescimento da renda uma oportunidade das marcas de grife quebrarem barreiras e preconceitos, e buscarem novos nichos de mercado.