O período militar no Brasil, que se estendeu de 1964 a 1985, foi marcado por uma série de mudanças e intervenções no sistema educacional do país. Durante esse tempo, o governo militar implementou várias reformas com o objetivo de alinhar a educação aos seus ideais políticos e econômicos. Essas reformas tinham como foco a centralização do controle educacional e a promoção de uma educação técnica e profissionalizante, em detrimento de uma formação mais crítica e humanística.
Como era a educação no período militar? A educação no período militar foi marcada por um forte controle estatal e uma ênfase em disciplinas técnicas e profissionalizantes. O governo militar criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) em 1967, com o objetivo de reduzir o analfabetismo no país. Além disso, houve uma reformulação do ensino secundário com a Lei nº 5.692 de 1971, que tornou obrigatória a profissionalização do ensino médio. Essa lei também centralizou o currículo escolar, limitando a autonomia das escolas e dos professores.
Reformas Educacionais
As reformas educacionais implementadas durante o regime militar tiveram um impacto significativo no sistema educacional brasileiro. A Lei nº 5.692 de 1971, por exemplo, alterou a estrutura do ensino básico e médio, introduzindo a obrigatoriedade do ensino profissionalizante. Essa mudança visava preparar os jovens para o mercado de trabalho, mas também foi criticada por reduzir o espaço para disciplinas que fomentavam o pensamento crítico, como filosofia e sociologia.
Além disso, o governo militar investiu na expansão das universidades federais, com a criação de novas instituições e a ampliação de vagas nas já existentes. No entanto, esse crescimento foi acompanhado por uma forte repressão política, com a perseguição de estudantes e professores que se opunham ao regime. Muitas universidades se tornaram alvos de intervenções militares, e o ambiente acadêmico foi marcado por um clima de censura e vigilância.
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL)
O MOBRAL foi uma das principais iniciativas do governo militar na área da educação. Criado em 1967, o programa tinha como objetivo alfabetizar adultos analfabetos e reduzir os índices de analfabetismo no país. O MOBRAL utilizava métodos de ensino simplificados e materiais didáticos específicos para adultos, buscando oferecer uma educação básica que permitisse a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho e na vida social.
Embora o MOBRAL tenha alcançado alguns resultados positivos, como a alfabetização de milhões de brasileiros, ele também foi alvo de críticas. Muitos especialistas argumentam que o programa tinha um caráter superficial e não oferecia uma educação de qualidade, focando apenas na alfabetização funcional e deixando de lado aspectos mais profundos da formação educacional. Além disso, a centralização do programa pelo governo militar limitava a participação da sociedade civil e de organizações não governamentais na implementação das ações educativas.
Durante o período militar, a educação no Brasil passou por transformações significativas, com um forte controle estatal e uma ênfase na formação técnica e profissionalizante. Embora algumas iniciativas, como o MOBRAL, tenham contribuído para a redução do analfabetismo, o regime militar também impôs restrições à liberdade acadêmica e limitou o desenvolvimento de uma educação crítica e humanística. As consequências dessas políticas educacionais são sentidas até hoje, e a análise desse período é fundamental para compreender os desafios e as oportunidades do sistema educacional brasileiro contemporâneo.