No final da noite desta terça-feira (21), a Liga Independente das Escolas de Samba anunciou que a campeã do carnaval de São Paulo em 2012 é a Mocidade Alegre. A segunda colocada foi a Rosas de Ouro, seguida de Vai-Vai, Mancha Verde e Unidos de Vila Maria. Foram rebaixadas para o Grupo de Acesso a Pérola Negra e a Camisa Verde e Branco.
O anúncio aconteceu em meio a confusão envolvendo presidentes das escolas de samba que permaneciam no sambódromo do Anhembi desde a tarde, quando um integrante da Império de Casa Verde invadiu a apuração e rasgou parte das notas. De acordo com Paulo Sérgio Ferreira, presidente da Liga, ficou valendo o artigo 29 do regulamento, que prevê uma média das notas quando houver falta de alguma delas. A decisão foi feita através de uma votação entre os presidentes das Escolas, e por sete votos a cinco foi decidido manter os pontos apurados até o inicio da confusão.
Torcedores da vice-campeã Rosas de Ouro protestaram e outras escolas também se mostraram revoltadas com a decisão. Darly Silva, presidente da Vai-Vai, disse que o justo seria procurar os dois jurados que tiveram suas notas rasgadas para saber qual o valor dos pontos finais que foram atribuídos à Mocidade. “Aí, sim, se eles deram dois dez para a Mocidade, a escola é campeã. Não homologar um resultado que ninguém sabe quais são as duas notas. É uma vergonha levar o carnaval dessa maneira. Toda essa situação deixa a gente muito chateado”, declarou.
Já Solange Bichara Rezende, presidente da Mocidade Alegre, disse que também não se sente confortável com a situação, mas a decisão foi justa. “Não quero ser campeã nas costas de ninguém. Eu estou chateada. Não fui eu que roubei a nota, não fui eu que sumi com os resultados”, afirmou.
Com 3.500 componentes e 25 alas, a Mocidade desfilou com o enredo “Ojuobá – No Céu, os Olhos do Rei… Na Terra, a Morada dos Milagres… No Coração, Um Obá Muito Amado!”. A escola fez uma homenagem ao centenário do escritor Jorge Amado, referenciando o candomblé, a capoeira e as festas populares que integram o livro “Tenda dos Milagres”, publicado em 1969. A Mocidade Alegre já havia sido campeã outras sete vezes.
Confusão generalizada
O tumulto durante a apuração começou quando Tiago Ciro Tadeu Faria, de 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, invadiu o local onde as notas estavam sendo lidas e as rasgou. Eram as últimas notas do último quesito, comissão de frente. No momento, a Mocidade Alegre liderava a disputa, seguida pela Rosas de Ouro, Vai-Vai, Mancha Verde e Unidos de Vila Maria. A líder, que havia atingido nota máxima em todos os quesitos até então, precisava apenas de mais uma nota dez para se sagrar campeã.
Além de impossibilidade de continuar a leitura dos pontos, torcedores ligados à escola Gaviões da Fiel atiraram objetos nos organizadores, derrubaram grades, invadiram o espaço restrito e incendiaram carros alegóricos que estavam na dispersão. Parte dos torcedores saiu do Anhembi e se dirigiu à Marginal Tiête, interditando a pista. Eles também destruíram placas que separavam o sambódromo da Marginal.