Apesar dos problemas na colheita de soja no Mato Grosso, principal produtor brasileiro, o Brasil registrou a exportação de 2,79 milhões de toneladas do granel em fevereiro, quase o triplo do total embarcado no mesmo período do ano passado, marcando recorde histórico. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na última quinta-feira (6).
O volume exportado em janeiro foi de apenas 30,6 mil toneladas, o que não encheria sequer um navio graneleiro. Já em fevereiro de 2013, os embarques de soja foram de 960 mil toneladas, e no ano anterior, 1,57 milhão de toneladas, antigo recorde para a época. A colheita total de 2014 deve chegar a 88 milhões de toneladas, segundo estimativas.
A demanda por soja segue bastante aquecida no exterior, especialmente no mercado chinês, segundo especialistas. E o período privilegia o Brasil porque a produção dos Estados Unidos, único produtor que briga com o Brasil nesse nicho, está na entressafra nessa época do ano.
O crescimento da safra nacional vai compensar ao queda registrada no preço médio da soja exportada, que baixou de US$ 538 para US$ 497 por tonelada, na comparação entre fevereiro deste ano e do ano passado. A prova é o valor obtido durante o período, quando o país faturou quase US$ 1,4 bilhão, contra US$ 517 milhões em 2013.
Fusão entre ALL e Rumo pode prejudicar exportação
A incorporação da ALL pela Rumo Logística, pertencente ao grupo Cosan, pode trazer dificuldades para a exportação da produção brasileira de soja e farelo, já que vai gerar uma “concentração de poder” na empresa, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Isso porque antes da proposta de fusão, a Rumo acusou a ALL de não cumprir os contratos de transporte de açúcar por priorizar grãos. A concentração de poder na empresa resultante da união pode gerar estratégias comerciais que desviem o foco da exportação de soja por conta da rentabilidade, gerando forte impacto negativo na competitividade do granel na balança comercial brasileira e outros setores.
A infraestrutura insuficiente no setor da logística também é um fator negativo devido ao crescimento constante da demanda, resultando em inflação considerada alta no valor dos fretes ferroviários.